O OLUPP parte do pressuposto de que as cidades brasileiras são constituídas por desigualdades, injustiças, dominações, opressões, autoritarismos, explorações, espoliações, segregações, destituições e violações presentes em processos e relações sociais. Isso afeta profundamente as condições de vida das pessoas, principalmente das classes trabalhadoras. Nessas cidades, as lutas urbanas, inclusive aquelas que demandam políticas públicas, emergem e ocorrem cada qual, com seus objetivos, agendas, interesses, bandeiras, programas e reivindicações. Os participantes dessas lutas mobilizam repertórios compostos por vários tipos de estratégias, táticas, instrumentos e alianças, dentre outros componentes. Esses repertórios são utilizados de diferentes maneiras por parte de tais participantes e variam em função dos seus parceiros, interlocutores, oponentes, instituições, territórios e escalas.
O envolvimento do OLUPP com as lutas urbanas e com as políticas públicas se orienta pela noção de justiça socioespacial e se dá por meio de atividades e pesquisas-ação realizadas em conjunto com seus participantes formais e informais. Segundo Michel Thiollent (1986), a pesquisa-ação é “um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo” (THIOLLENT, 1986, P. 14). Na pesquisa-ação, a pesquisa social adquire sentidos e implicações políticas ao adotar a ação como parte da sua base empírica. Assim, “toda pesquisa-ação é de tipo participativo: a participação das pessoas implicadas nos problemas investigados é absolutamente necessária” (THIOLLENT, 1986, P. 15).
No OLUPP, entende-se que as lutas urbanas e as políticas públicas se dão em agenciamentos que criam e operam realidades em múltiplas escalas articulando uma gama variável de componentes que se relacionam entre si nos intervalos entre o macro e o micro. Enquanto redes de relações, interações, simbioses e co-operações entre heterogeneidades de populações humanas e não humanas, os agenciamentos das lutas urbanas e das políticas públicas não se reduzem à noção de sujeito. Manuel Delanda (2016) define os agenciamentos a partir de conceitos criados por Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nesse sentido, destaca que os agenciamentos são: (i) populações de entidades individualizadas com identidades históricas contingentes; (ii) sempre compostos por componentes heterogêneos com materialidades e expressividades; (iii) possíveis componentes de outros agenciamentos com escalas mais amplas; (iv) surgimentos que emergem das interações entre suas partes que podem sofrer limitações ou obter oportunidades.
O território de atuação do OLUPP abrange toda a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com prioridade para a Zona Leste do Município de São Paulo onde se encontra o Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo.